sexta-feira, 15 de junho de 2012

Porquê eu parei de ler HQs


Esse mês tomei uma decisão consciente de parar de acompanhar quadrinhos de super-heróis.

Não foi uma decisão fácil. Acompanho HQs de super-heróis desde os meus sete anos, quando minha mãe comprou meus primeiros gibis, na época que a Ebal ainda publicava os personagens da DC Comics no Brasil. Na mesma época, comecei com os formatinhos da Abril e me tornei um leitor fiel até hoje.

Porém, vários motivos me fizeram perder o interesse com as HQs.

1) Eventos e sagas bombásticas
A primeira saga de quadrinhos que me lembro foi Crise nas Infinitas Terras. Foi uma manobra ousada e inovadora da DC na época, e antes da Crise nenhuma saga ou evento havia mexido com os alicerces de uma editora daquela maneira. Além de ser bem roteirizada e magistralmente desenhada (pela dupla Marv Wolfman e George Pérez, respectivamente), a Crise nas Infinitas Terras tinha uma função e um propósito bem claros: consertar as cronologia bagunçada e confusa da editora, que após quase 50 anos de publicações ininterruptas era um pesadelo cronológico.

Porém, a Crise original teve um efeito indesejado no mercado de quadrinhos - todas as editoras, inclusive a própria DC, ficaram obcecadas em criar mega-eventos editoriais sazonais, a maioria dos quais só enche lingüiça.

E aí tome xaropadas com premissas absurdas, como Crise Infinita, Crise Final, Guerra Civil, Invasão Secreta, Essência do Medo e o cazzo a quatro. Mesmo quando essas crises e mega-eventos são bons (como Ponto de Ignição e Reino Sombrio, por exemplo), não deixam conseqüências duráveis, e ao seu término tudo volta a ser o que era antes. O que me deixa mais convencido de que esses eventos não passam de caça-níqueis cujo único propósito é convencer leitores a ler ou comprar títulos que eles normalmente não leriam.

2) Decisões editoriais estúpidas
Infelizmente, isso é algo que se tornou cada vez mais freqüente nos quadrinhos de super-heróis, que sofrem com militância cultural, idéia requentadas, continuidade retroativa e desrespeito pela cronologia, história ou personalidade dos personagens. Há vários exemplos que eu poderia citar aqui. O Homem-Aranha é campeão nessa categoria, desde a atroz Saga do Clone até a asinina Um Novo Dia. Mas também dá pra citar Zumbis Marvel; os diversos reboots da DC Comics; personagens que tem sua opção sexual alterada, sem mais nem menos, por puro oportunismo editorial; e o ridículo morre-ressuscita de personagens importantes (e nem tão importantes assim).

3) Perdeu a graça
Essa é conseqüência dos motivos que apresentei acima. E, acredite se quiser, cheguei à conclusão de que quadrinhos de super-heróis já não me empolgavam mais assistindo a Os Vingadores - esse filme me empolgou de um modo que as HQs não me empolgavam há muito tempo, pois traz toda aquela magia que eu não vejo mais nos quadrinhos. Aliás, acho que a última vez que me empolguei e vibrei com uma HQ foi em Lanterna Verde: Renascimento (publicada em 2004!).

4) Falta de tempo
Com a correria que vivemos, sobra pouco tempo para lazer, e é preciso ser seletivo. Conclusão: acabo usando meu tempo livre para outras atividades que me são mais prazerosas e as HQs acabaram perdendo espaço para música, filmes e outras leituras.

Claro que não vou dizer que nunca mais vou comprar quadrinhos ou que odeio o gênero. Não é o caso. Eu ainda compro encadernados com meus personagens preferidos ou escritos pelos meus roteiristas favoritos, e acompanhe alguns blogs para saber as últimas notícias. Mas acho difícil voltar a acompanhar mensalmente como sempre fiz.  


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