terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Resenha: Star Wars VII - O Despertar da Força


(Atenção! Tem spoilers para quem ainda não viu o filme)

O primeiro filme da nova trilogia de Star Wars, agora sob comando da Disney, é bom. Cumpre seu papel por ser entretenimento divertido e gostoso de assistir, além de entregar aos fãs das antigas aquilo que eles mais queriam: ver novamente os personagens originais em ação. O novo elenco também agrada bastante. A gracinha Rose Ridley, que faz a catadora de sucata (e provável filha de Luke Skywalker) Rey é bastante carismática e graciosa, e John Boyega cumpre bem o papel de um desertor dos stormtroopers. A direção de J. J. Abrams também é muito precisa, e mostra como os prelúdios (os episódios I, II e III) poderiam ter sido muito diferentes se fossem entregues nas mãos de algum competente diretor de atores, coisa que George Lucas nunca foi. Ponto pra ele por também seguir a linha cinematográfica e estética da trilogia original. Porém, o filme não é perfeito - longe disso! - e nem superior aos episódios IV (Uma Nova Esperança) ou V (O Império Contra-ataca), como ouvi por aí. No máximo, dá pra comparar ao "Retorno de Jedi" em termos de entretenimento. Se por um lado a nostalgia, a auto-referência e o "fanservice" são bem vindos, houve um certo exagero com relação isso no roteiro, que se não chega a ser exatamente uma refilmagem, recicla muitos elementos do Episódio IV - e ainda que isso seja feito deliberadamente, eu preferiria uma história mais original. A Primeira Ordem, sucessora do Império Galático, também me parece meio forçada. É totalmente lógico e verossímil assumir que o Império, dado seu tamanho e abrangência, não acabou da noite para o dia com a morte do Imperador (seria ridículo assumir o contrário), mas acreditar que a Nova República simplesmente deixou os caras se esconderem nos recônditos da Galáxia e criarem outra super-arma em segredo - ainda mais com esse poder de destruição - sem fazer nada ou tomar outra atitude por 32 anos é meio estranho. É algo que espero que seja explicado no próximo filme. Aliás, muitos dos "buracos" da trama poderiam ser evitados se a Disney/Lucasfilme tivesse simplesmente mantido algumas histórias e elementos do antigo "Universo Expandido" retratado em romances e HQs. Não precisava ter jogado tudo no lixo, né, Mickey? No fim das contas, fica a impressão de que forçaram a barra para retomar a Guerra Civil Galática e "resetar" o status quo para a época da trilogia original (mais ou menos como fizeram na série em quadrinhos Star Wars: Legacy, com o ressurgimento de um novo Império Sith). Outro ponto fraco foi ver Finn e Rey usando um sabre de luz como se fosse uma arma qualquer, pela primeira vez - sempre ficou claro que essa arma é extremamente difícil e perigosa de ser utilizada sem treinamento. Aliás, se eu fosse o roteirista, faria o Luke aparecer naquela cena, salvar os meninos e chutar a bunda do Kylo Ren (sim, seria um clichezão, mas muito mais legal, até para mostrar que o Luke tornou-se um Mestre Jedi...) Rey, apesar do carisma da Rose Ridley, também me pareceu muito "Mary Sue" em alguns momentos, ao utilizar certas habilidades jedi aparentemente sem treino (digo aparentemente pois ela pode ter estudado com o Luke e ter recebido algum treinamento, principalmente se ela é uma Skywalker prodígio como o avó e o pai). Mas é algo que não vou criticar ainda antes de ver o próximo filme. Também confesso que queria ter visto mais dos personagens originais em ação e não gostei da morte o Han Solo - ainda que acredite que isso tenha sido uma exigência do Harrison Ford para participar do filme; para quem não sabe, ele já tinha pedido ao Lucas para que o personagem fosse morto em "Retorno de Jedi" - pois me pareceu meio gratuita e em vão. Enfim, é um bom filme, apesar de certos pontos reciclados da trama e certos supostos "buracos de roteiro", que podem, e devem, ser esclarecidos na continuação. Nota: 7,50