terça-feira, 15 de setembro de 2020

Soulfinder: Demon's Match


 

Quem leu minha postagem anterior sobre histórias em quadrinhos já sabe que parei de acompanhar os títulos das grandes editoras (Marvel e DC) há quase dez anos, uma vez que o mercado está praticamente dominado por ativistas travestidos de roteiristas que estão mais interessados em dar sermão sociopolítico do que contar boas histórias.

Para quem ainda aprecia boas HQ de autores que, acima de tudo, estão focados apenas em entreter o público com boas histórias, o mercado independente tem sido uma excelente opção. 

Foi assim que conheci Soulfinder: Demon's Match. Escrita por Douglas Ernst, belamente ilustrada por Timothy Lim (capista de títulos como G.I. Joe vs Street Fighter, Back to the Future), colorizada por Brett Smith e com capa do veteraníssimo Dave Dorman, a graphic novel de 56 páginas foi publicada de forma independente, por financiamento coletivo, através da plataforma Indiegogo em junho de 2019.

A história é centrada no padre católico e veterano do exército Patrick Retter. Pároco de uma pequena comunidade na pacata cidade de Steepleton, Maryland, ele ocasionalmente ajuda seu amigo, o detetive Gregory Chua, em casos que apresentam elementos sobrenaturais. 

Porém, quando um demônio ancião chamado Blackfire decide possuir um dos moradores de Steepleton, Pe. Patrick recebe a ajuda do Pe. Reginald Crane, veterano da guerra do Vietnã e membro da Ordem dos Soulfinders, um grupo de padres exorcistas dedicados a combater demônios como Blackfire. 

Não há como falar mais da trama sem dar spoilers - e essa não é minha intenção - mas tenha certeza que a história é fantástica.

Todos os elementos da trama se desenvolvem muito bem e o roteiro flui com bastante naturalidade. Há espaço para dramas pessoais, investigação policial, terror e discussões filosóficas ("porque coisas ruins acontecem com pessoas boas?"), mas tudo isso se encaixa de maneira harmoniosa; em nenhum momento tive a impressão que alguma parte da narrativa foi subdesenvolvida, forçada ou mal-aproveitada. 

Os diálogos também soam naturais, sem exposição desnecessária ou monólogos explicativos cansativos, algo que acho um vício terrível de vários roteiristas contemporâneos.

Os personagens também são muito bem desenvolvidos, principalmente o protagonista.  Pe. Patrick, por exemplo, é uma figura bastante cativante e inspiradora. Ele não é perfeito - muito pelo contrário, tem seus defeitos e traumas pessoais -  mas é alguém que possui forte senso de certo e errado, e que sabe carregar sua cruz com estoicismo e dignidade. 

Uma coisa interessante é que ainda que a HQ possua fortes elementos religiosos cristãos (e católicos, em particular), em momento algum o roteiro torna-se moralista ou maçante, e nem tem a intenção de tentar "converter" o leitor. 

Aliás, uma das maiores virtudes de Douglas Ernst é justamente oferecer uma história clássica da luta do bem contra o mal sem cair em armadilhas óbvias - algo que certamente poderia acontecer com alguém menos talentoso. 

 

A arte de Timothy Lim é outro destaque da HQ. O traço é bastante detalhado e limpo, com enquadramentos cinematográficos e excelente domínio do contraste de luz e sombras, que é muito bem empregado para ressaltar os temas da história.

Em resumo, Soulfinder é uma incrível história de fé e redenção muito bem escrita e desenhada, e cujo principal objetivo é entregar uma história envolvente, cativante e que entretém seus leitores do começo ao fim.

O segundo volume está previsto para o primeiro semestre de 2021, e quem deseja adquirir sua cópia de Demon's Match pode fazê-lo pelo site Iconic Comics.

 


 

 

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